segunda-feira, 3 de agosto de 2015



Hoje fez um fim de tarde quente, com direito a vento morno e folhas rodopiando em pequenos redemoinhos.
Sentei no ponto de ônibus apreciando as mudanças de cor do céu, que antes de escurecer por completo pintou-se de lavanda.
Ao meu lado um casal de velhinhos bem velhinhos, do tipo que já saem no lucro a cada dia que acordam.
E o que tem de interessante em um casal de velhinhos na capa da gaita?
Vou te dizer, que nunca tinha visto tanta sintonia entre um casal de tão longa idade.
Ele olhava para ela com ternura, com cuidado. Ela retribuía com pequenos sorrisos e o mesmo carinho. Em uma das rajadas de vento, onde uma poeira espessa levantou, ele chegou bem perto dela e fez uma especie de barreira com o corpo. Os dois deram risadinhas como dois adolescentes.
Eu sorria também. Nesse mundo desgraçado em que a gente vive, onde os relacionamentos parecem todos bombas prestes a explodir, ver aquele casal me deu esperança de um futuro bonito com alguém legal. Alguém que me proteja das rajadas e vento que a vida soprar.
Na hora de subir no ônibus, ela segurou no braço dele com confiança e ele a conduziu com cuidado, ajudando-a a subir com delicadeza.
Antes de descer do ônibus dei uma última olhada, o sol ja havia desaparecido por completo. A senhora havia passado um lenço sobre a cabeça e o senhor o braço sobre os ombros dela, provavelmente como o fez a vida inteira.
Vim caminhando e sorrindo, pensando na beleza daquela cena que provavelmente passou desapercebida para o resto do mundo. É esse olhar atento sobre as coisas belas da vida, que eu espero nunca perder!

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