sábado, 23 de novembro de 2013

Um pacote de bolachas vale mais que uma rosa


Relacionamentos, ah esse mar inexplicável de armadilhas e prazeres. Como dizia Leminski:

"O amor, esse sufoco, agora a pouco era muito, agora, apenas um sopro. Ah, troço de louco, corações trocando rosas e socos".


Uma das minhas teorias é que tentar enfiar qualquer relacionamento na mesma fôrma de sempre aumenta e muito a chance de as coisas desandarem.
Meu atual relacionamento é algo que elucida bem a histórias toda.
Tenho um namorado maravilhoso. E ao mesmo tempo muito difícil de se lidar. 
Eu entrei nesse relacionamento querendo nada e me encontrei, depois de alguns meses, querendo tudo: a casa, o cachorro, os filhos, os almoços de domingo, o acordar junto todo os dias. E descobri, com muita dor, que meu amor não partilhava das mesmas expectativas. Eles tem suas razões, que eu até entendo, mas foi muito difícil olhar para o meu sonho de casinha feliz e me despedir dele.
Desistir ou continuar não seria fácil. Foram dias de choro, de discussões, foi um termina daqui, reata de lá. Duvidei do amor, das intenções - minhas e dele- minha auto estima de espatifou, pensei em trocá-lo pelo primeiro Zé Ruela que encontrasse no caminho.
E por que então continuar com esse cara que não quer nada comigo?
Por que eu entendi que não partilhar do meu sonho de casinha feliz não era o mesmo que não me amar.
Entendi que em cada gesto de cuidado e carinho eu me sentia mais feliz. 
Meu amor não gosta da minha gata mas instalou todas as prateleiras do meu apartamento, bem como a pia e montou os móveis de cozinha até fazer bolhas nas mãos.
Ele não pensa em ter filhos mas já cozinhou para mim inúmeras vezes (ele é um cozinheiro excelente!) e já encheu minha geladeira quando notou que eu estava sem dinheiro e ela estava fazendo eco.
Ele é um gordo desgraçado, teimoso, sarcástico e inflexível mas vai comigo buscar meu filho e me leva no trabalho para eu não ter que pegar ônibus.
E me abraça e beija, divide as idéias, os sonhos, a cerveja, a cama, os bons momentos e aqueles em que não sabemos o que fazer.
Talvez ele nunca queira dividir uma casa comigo e com meu filho mas me dá a certeza de que quando a coisa ficar ruim ele estará comigo.
E ele é tão fofo as vezes que lembra por mim de colocar um pacote de bolachas na minha bolsa, caso eu fique com fome durante o expediente - gesto que vale por uma dúzia de rosas!
Então, enquanto eu como a bolacha e penso nisso tudo, a única coisa que eu sinto é amor. As incertezas e a necessidade de encaixá-lo no meu projeto de vida se tornam cada vez menores e o sonho vai se modificando suavemente, até caber todo o mundo, cada um no seu formato.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Substituir o pepino por marisco está longe de te fazer mulher


Eu tenho uma certa implicância com as minorias. Talvez pelo fato de as minorias serem geralmente apoiadas por idiotas, não colocadas em cheque, não analisadas com olhos críticos. São sempre uns coitados e isso basta: se é negro justifica que não estude e mereça cotas; se é cadeirante é bonzinho e doce; se é gay é um vencedor por ter saído do armário. Se é eco-chato é uma pessoa boa, lutando por um mundo melhor.


Minha indignação se volta hj contra os transexuais. O pessoal que vai à Tailândia colocar o bilau para dentro e se chamar de fêmea. Desculpa ae, mas substituir o pepino por marisco está longe de te fazer mulher. Mesmo depois de quilos de hormônios, maquiagem, roupas, falta de pinto, vc ainda será um homem.
Eu posso até te chamar de Gilda, Carolina, Juliana, isso nem me incomoda. Posso dividir o banheiro, posso entender que você goste de filmes de moça. Mas paramos por aqui.

Ser mulher é uma questão de insanidade, de hormônios verdadeiros e naturais, de cólicas, de incertezas e de desenvolvimento tardio do raciocínio lógico – quando o há.  É não ter certeza sobre onde está a saída do shopping, não saber de supetão qual é a direita ou a esquerda. É ter a possibilidade de gestar, de expelir um ser humano completo de 4kg por um buraco onde só passaria um limão.
Por que se embarcar na onda de "eu quero ser tratado como mulher"? Eu vou entrar na onda de "quero ser tratada como a princesa Kate"! Ai vai dar merda, não é?

Então eu sinto muito por você que gastou os tubos nessa cirurgia e quer ser chamada de Gabriela ao invés de Alessandro. Uma vez tida a experiência de ter bolas, mesmo que não as valorizando, já te fez homem. Para sempre.