domingo, 29 de maio de 2011

Plantei rúculas e nasceram batatas

Ontem filosofei sobre o amor de uma forma inusitada. Me veio o insight quando plantei rúcula e nasceram batatas.

Plantei rúcula no mesmo vaso onde tenho um pé de tangerina. Gosto de adubar meus vasos com cascas de legumes e frutas e sempre obtive ótimos resultados. Adubei minhas rúculas com batatas. As rúculas morreram, as batatas em compensação cresceram felizes.

E o que isso tem a ver com o amor e a paixão?

Bom, paixão às vezes se transforma. Transforma-se em amor, que é menos saboroso tal qual as batatas. Mas é mais nutritivo, preenche o estômago. É mais flexível e combina com tudo. Batata soutê, batata palha, frita, assada, nos molhos, em maionese... Já a rúcula vai na salada e em alguns poucos pratos (geralmente com o tomate seco porque ela é meio insegura) e se murcha perde o encanto.

Tenho uma amiga que vai se casar em breve. Feliz e apaixonada, tudo está sendo muito rápido. Em alguns meses de namoro resolveram casar. Eu fiquei super feliz por ela que já passou cada coisa com namorados que até Deus duvida. Vejo nítida a paixão nela e não há como não se encantar com isso.

Mas de repente olhei para o meu passado e vi que já fiz isso e tudo não passou de um grande equívoco. Eu estava apaixonadíssima e enxergava tudo por essa ótica linda e doce. Financiei um castelo encantado, comprei no cartão o conjunto “felizes para sempre” e encomendei um herdeiro que seria o marco da nossa felicidade conjugal. Mas a paixão não se transformou em amor; e tudo o que eu achava ter construído, desmoronou sem nenhuma chance de se reconstruir. A paixão, que era uma rúcula verdinha e apetitosa não se transformou na sólida batata que eu esperava. Murchou e apodreceu...

Não acho que todos os casais tenham o mesmo fim. Sou romântica afinal, acredito ainda em casais felizes, amores à primeira vista. Mas aquela menina que se apaixonava e caía de cabeça sem medo de ser feliz (ou infeliz) cresceu e aprendeu a ser mais prudente, por mais clichê que isso pareça. Um passo de cada vez, mais observação do que ação, o coração no seguro contra paixões incendiárias, perda de dignidade e cafajestes.

Por que o medo não é de se espatifar novamente no muro do “eu te avisei”; meu medo agora é espatifar o coração e descobrir que perdi a capacidade de remendar ele novamente. Por isso vou levando a vida assim na flauta como quem não quer nada, um pouco aqui, um pouco lá sempre em movimento, sempre de olho.